quinta-feira, 14 de agosto de 2008

espaço velho... vida de jovem.





Ideias recentes em salas bafientas. Num estirador que não me pertence, usurpando folhas de papel uma atrás de outras, de baixo de máquinas que zumbem por outros projectos, sobre ideias que não conhecerão probabilidade de ser editadas. São novas as carecas que passam na rua, num percurso já seu conhecido, agora meu também. Tornemo-lo então nosso, para que não seja só meu. Que molde o percurso de mais alguém.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Estufa de Sonhos


Escondem-se como crianças por detrás dos móveis duma casa antiga...

Estufa de Sonhos II


e mesmo quando procuro por essas respostas escondidas...

Estufa de Sonhos III


parecem apenas somar-se às milhentas contradições que se acumulam na minha memória.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A maquina de vôo


-Nem vais acreditar na última engenhoca que engendraram...
-Ó m'lher deixa-me 'tar!
-Mas, ouve! Diz a Felizmina que voa e tudo...
-La 'ta a 'Mina noutra das dela.
-Escuta, parece que é feito de um material novíssimo, muito leve, que pesa ainda menos que uma camisa de seda...
-Vá lá ela saber o que isso é, a 'Mina.
-Ouve, e diz que consegue chegar a estratosfera mais depressa que um foghete, desses da marinha!
-E sabes a que distância está a estratosfera, tu?
-Saber, não sei, mas lá que deve ser mais alto que a Torre da Cidade, é com certeza!
-Deixa-te de disparates, ainda te ouvem.
-Olha, e parece que anda ainda mais depressa que um subrasónito, esses, da força aérea...
-E sabes lá tu a que velocidade andam os da força aérea! Ó m'lher deixa-te disso.
-Escuta, Tininho, a 'Mina é de confiança, e se ela diz que sabe do que fala, eu acredito!
-Ó m'lher deixa-me 'tar, de uma vez. Para o que lhe havia de dar, agora...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

saltos surdos


Num campo de sonhos... de outros. D'esse outro que nos deixara, anos antes, pequenas memórias para que agora as pudessemos recolher. Nem seriam as melhores nem as mais interessantes, mas apenas aquelas que, na altura, estavam disponíveis para ser explicadas. Corre-se sobre cálculos soltos num pandemónio decalcado por uma mente preversa. Prevêm-se colisões, distorções tão fáceis como premeditadas, que essas são melhor controladas. Só essas parecem dar segurança. Só essas parecem restar. Rastejantes e moles, fartas de tanto rebuliço.

domingo, 10 de agosto de 2008

tristes cafés de um mês esquecido


De uma conversa que não nos interessa, a palavras soltas por cima de um balcão perdidas entre os trocos de um dia bem bebido, extinguem-se filosofias e estéticas incomuns entre dois professantes de conhecimentos redescritos entre copos altos de conhecimento superior...

sábado, 9 de agosto de 2008

pequenos vícios


Curtos momentos de desconfiança total, uma frustrante sensação comprovada por outros. Que em breve nos tornaremos redundantes, que deixaremos de aprender. Que deixaremos de construir o que até agora nos mostrámos tão capazes de conseguir.
Ruminar... nunca mais a mesma relva?
Sim, espero bem que sim.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O Lobo Faminto II


Mudando a atenção para a história da colega do lado...
a partir do workshop do Richard Camara

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

caminhos cavados


Ser ou não deixar ser, eis a questão... talvez. Sempre recortadas entrelinhas de uma composição comum a um povo, esse mesmo ouviodo, insaciável, indiscreto que tudo quer saber, que trudo indaga, para não mais saber aquilo que o molesta do outro lado da página. Que não está branca, aspiram a uma história minuciosamente controlada por vários olhos, diferentes mãos, escrupulosas para não deixar fugir aquela menina de vermelho, que não cresce nem ganha justa palavra. Que, no entanto saíu de casa para encontrar o perigo uma e outra e outra vez. Por mais que se folheie a história, a mesma premissa, alternando por diferente justiça, o mesmo hábito, o mesmo hálito arreganhado ao fundo do parágrafo conhecido. Ser ou deixar de ser. Sempre a mesma. Segura o meu cesto agora por um bocadinho...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

olhares arreganhados


Circunstâncias aflitas, de patrimónios perdidos ou ocultos. Sugestões omissas entre sibilares cantados por lábiod escondidos. Linhas definhadoras de um percurso que se apanha, se recolhe e encaracola num bolso amarfanhado por baixo do resto da roupa num cesto escuro e imparcial. Esperando a corda, que na madrugada seguinte lhe trará a ciência ao olhar. Esperar a alvorada de um dia sem fios, uma ligação sem redes promíscuas entre paredes que perdem a solidez e a palavra abafada, diluída em anos de secretismo, de censura, de vivências esquecidas em argamassas secas por fora.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O Lobo Faminto


"Passando um lobo esfaimado por uma casa, ouviu chorar dentro um menino, e lhe dizia a mãe: -Se choras, hei-de-te dar ao lobo. Este, parecendo-lhe ser aquilo assim, esperou um pouco; porém vendo que, sossegando-se o menino, a mãe, fazendo-lhe carícias, lhe dizia: Se vier o lobo havemos de matá-lo, uivando partiu dali, dizendo: Esta diz uma cousa, e fas outra! Há muitos cobiçosos, que cegos da sua utilidade, esperam cousas impossíveis"

de Marques Soares, "Divertimento de Estudiosos, t.II, p62
a partir do workshop do Richard Camara
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Mariana Perry