domingo, 30 de novembro de 2008

retardatários

os momentos de espera infindável, de horários trocados, um dia torcido pela vâ confiança naquilo que mais rapidamente nos pode traír. A memória de quem nos rodeia, a lembrança do que é sentir um outro braço no ombro. São tortas as portas que nos fazem atravessa de tropeção, São tontas as gordas que nos enchem a razão. São vossas e não nossas, que de meu já temos todos pouco. Demasiado pouco. para demasiadas vontades.

sábado, 29 de novembro de 2008

cusqueiras

Tremendas barranqueiras, temendo a voz dos outros, que sobretudo as ouçam, mas só o suficiente para acenar que têm razão. Que, depois de tudo o que diz que disse e tudo o que diz que foi mas não viu, diz que viu. Que no somatório final o resto seja inevocavelmente zero. Que, acima de tudo, não magoe niguém... não muito, pelo menos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

cândidas velhices


Pequenas reprimendas doutros tempos em que a língua se desengatava melhor, o ar tinha um cheiro mais fresco a mar e folhas. Os pés traziam uma alegria no salto que contagiava os joelhos e as faziam desbobinar pela história abaixo. Cabelos agora enrolados em frases quebradas, brincos presos por ideias feitas. Agulhas tricotar suposições sobre ombros curvados. Mão geladas que erguem o limiar do fulgor ao balcão e pedem com todo o fôlego que têm por um garoto doce e tenro, meio copo de água e um folhadinho dos de cima, que não são de ontem.

Sta pa fla

bo mamai. Mi corazan ta tchora, chei di dor...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sorvendo fumos

Em copos de veneno liofilizado e rehidratado, são pequenas as partículas precipitadas. Estranhas as gotículas que se amontoam do outo lado do vidro, aqui tão longe, estranhas porque não as toco. da mesma maneira que deixo de ouvir as vozes que me entram pela raiz dos cabelos e se alojam ao fundo do pescoço, ali, onde a nuca de depara com uma tremenda falta de etiqueta à imagem da língua que ressente uma falta de chá que não convém a uma senhora de calibre 12.6... Não que conheça nenhuma... ou talvez seja essa quem se ouve quando a cabeça gira em parafuso até ao calor abafador da fronha que nos emoldura o perfil num mar de pintas e riquinhas e, quem sabe, florzinhas, porque não? aos pés, uma moldura barroca de lenços assoados assentes sobre o soalho que há muito deixou as pretensões de aprender a voar. Boa noite, meus caros, que o dia ameaça...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Na fossa...

... nasal. Que outra mais para nos fazer a vista turva, o coração bater e ressoar pela memória perdida, os dedos tremidos num lenço que não lhes agarra o temor. De mais um espirro. Não, outro não. Pronto, siga...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um momento

...de cada vez, cada passo na sua poça, a cada salto o seu corrimão. Dêmos as mãos, cruzemos os braços, façamos preguiças e estoiremos com paciências alheias. Desde que não nos descubram, desde que não nos prometam nada que não saibamos contornar, ficaremos bem.

domingo, 23 de novembro de 2008

relut.âncias

Sempre quiz ser descriminada, mas nem por isso me deram ouvidos...

sábado, 22 de novembro de 2008

contornos infindos

Colocados lado a lado, cada dedo aponta para o seu sentido, sua razão. Cada membo disfaz o seu discurso, pára para olhar quem observa o seu caminho e segue e põe mais um pé estratégicamente aleatório à frente do anterior. Dos dedos passam dedos de conversa, desses passam histórias que se medem em dedos, dizem, descarnados. São muitos os sonos perdidos e os momentos inutilizados e disfarçados de tosse sem desenvolvimento. Anti tússicos, anti celulíticos, descontinuidades e anuidades descontinuáveis. São troços de famílias, arrastadas pelo caminho de um país de fronteira mellosa para outro com uma mais turva ainda. Aos olhos de quem já não vê, nada interessa a não ser família. A história de quem te trouxe até aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Conversas de Alzheimer XVI

Espere, deixe-me adivinhar... é uma surpresa!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gato pardo

Ave la rapina, olhos de candura e desplicência. Vôos de resgate em filas de espera sem demora alguma, são tolos, são todos tolos. E agora vão ter de devolver o que sabem ao mundo. Um ar de tolice, um ar de candura, um ar de modernice, que o vi na montra, que mo mostaram quando passámos, que mo disseram mais do que uma vez e po rvozes diferentes. Ideias demasiado apertadas para se poderem solar. Um tom persistente, latente... Roufenho e incrédulo... Como nos tornam velhos, as tardes. Como nos fazem pesar nas pestanas as madrugadas. Como tudo e todos nos mantêm apartados e nos apertam o peito por falta de vista. A Graduação padece, realmente, de reajustes pelo menos uma vez por ano... As leituras ficam mais grossas.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Caras familiares

Retidas na retina permanente. Que não esmoreçam, que não padeçam de alguma ausência. Marcaram-se na mole desse olhar ofuscado, talvez, pela luz. Porque não?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Metendo as mãos


...pelos pés. E a adorar cada passo trocado pelo caminho...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cabeças unidas


Valerão mais do que uma só? Se sonhamos, em grupo... Se vemos, singular... Se tocamos é no outro. Deixemo-nos de tudo. Que não vale a pena no dorso desse pássaro-da-índia. Deixem-no voar que não sabe fazer outra coisa. Deixemo-nos de ser reis que apenas ordenam o que já se faz. Deixemo-nos abandonados numa esquina pouco familiar, para mudar de ares, para mudar de caras, para mudar de cheiros. Que viva connosco, que viva aqui, neste não-espaço que nos aproxima.

domingo, 16 de novembro de 2008

Furo em furo

Compasso em compasso, sussurro em sussurro um minuto descalço tropeça e arredonda-se no pavimento lustroso, rugoso de tanto olhar urbano, de tanto controle e possessão.

sábado, 15 de novembro de 2008

Conversas de Alzheimer XV

Não sei se está ao corrente, mas vi no outro dia um programa interessantíssimo que colocava em questão a identidade como característica genética...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ternas loucuras

Passeios no campo, cheirar as flores das caleiras e depois espirrar. Espiar o tempo, que passe sempre e sempre bem sempre certo sempre perto. Passos no asfalto, cabeça no ar perdida em projectos e linhas imaginárias que se intersectam em pontos que não existem, em esquinas recônditas de planos de 3 anos e telas de retrosaria. São insanos os cidadãos do mundo que porventura se desprendem das rédeas de uma sociedade dita normal. Não nos compreendem, meu querido, não nos compreendam eles.

coisas de pêlos

Coisas de lendas, de mitos e boatos; de diz que foi e diz que foi assim. E de perguntar se se tem a certeza e de se responder que sim, embora não se saiba de todo nem mais nada do que aquilo que se ouviu alguém dizer. Diz que sim e abana a cabeça, diz que sabe e que o deve ter lido nalgum lugar. Que se acredite, que se foi viajado em seu tempo e se deixe acreditar nalgo que, noutro lugar qualquer se derramaria por terra porque o que se diz, mesmo quando não se conhece quem o disse, nem sempre se escreve. E quando se escreve mais razão é para não se acreditar no que se está a ler.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

leituras primárias

- E começa sempre assim?
- Sim, é sempre assim que começa.

- Hãn... e porquê?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Conversas de Alzheimer XIV

E foi então que apareceu um tipo de sobretudo encarnado e trenó, que perguntou em que direcção ficavam as Maldivas!

domingo, 9 de novembro de 2008

golpes de carril

Numa janela cega, infindo o desenrolar de palavras que aqueceram e sublimaram no decorrer de um dia. São repiradas letra a letra, são escutadas calmamente as pausas... que respire, que sorria desse lado, que encaracole o cabelo nos dedos, que faça tudo o que não se vê, que o tragz tão bem em memória que o vê a espreitar os joelhos e as dobras das calças, das mangas do casaco, a contar os minutos que os deixam partilhar. Repartido o tempo sim, mas mais certa a intenção. Não são meros metros que dividirão essas solas, não será mero asfalto nem terra batida que lhe retrairá os pés de fazer esse percurso. Já fora mais longe por menos, de outros ares já retornara sob menos certeza. Resta que mantenha o nariz quente, o pescoço desenvolto e os pés com vontade de andar.

sábado, 8 de novembro de 2008

Noctis


stabilis, omni est.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Conversas de Alzheimer XIII


Cada vez que tento olhar para o infinito, parece que não me consigo concentrar...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

papa.papéis

papa.papelada.poupa.pouco.e.não.vê.mais.nada...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

des leixada

entre as páginas lidas à priori, um artigo mastigado e descritivo de um olhar devoluto e coerente. Crentes são os ovos, que não vêm o fim da sua fadiga. Sapientes são os tordos que não medem o seu canto em palmos. Os luxos da intriga devem-se a bolsos, tortos como quem não sabe costurar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Cuspo e delas


Esgrafito sob um teclado partilhado por turnos, sob pensamentos paralelos, percursos intocáveis e um olhar atento que tudo vê, tudo enxerga.

domingo, 2 de novembro de 2008

Escondido

A um canto, temendo a vontade de saír pela janela fora, pegar no cachecol e no par de meias de lã e dizer que não teria frio, estava a loucura que espreita á esquina de Novembro.
Terríveis dias de luz fugidia, que também ela temia o sopro invernal que gela as ideias sob o capacete russo de cabeleira fina. São noite os dias e noites as noites e frios os gesto e tremidos os sentdos de palavras perdidas no abafo tricotado de conceitos gelados e pontas de nariz pingantes. São tremendas as forças que impedem o passo, que gelam o compasso num tempo recortado em frieira. São tontas as feiras sem delineamento em papel, cada vez mais longo o momento entre o piscar do olho e o levantar da pálpebra, gorda de sono, endurecida pela escuridão e a malícia de um sopro friozinho, tremidinho, sacaninha...

sábado, 1 de novembro de 2008

Pássaro Cármico


Passarinho verde, tonto passarinho, que te deitas tarde...
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Mariana Perry