terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vistas de um perfil selino


Vistas de um contorno senil e radioso, ardiloso salpicado de brilhantes condescendências e soluços servis. São tomadas as medidas inerentes a uma conversa fiada. Colocados em posição os jogadores de estirpe raivosa. Arreganham-se os dentes sob lábios sedosos, sequiosos de uma fina lamúria. São minhas, minhas queridas, todas vós que ousais beatificar o jogo perfilado. Perfumai as pernas e lançai o sopro bem no alto, que a dança pede esforço e o contorno de sobranceiro fôlego.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Perfis conturbantes


Escondidos entre panos, omissos entre egredos de paredes recortadas, são temíveis as sibilintes confissões entrançadas nos cabelos atentos. São levianas as propostas, deviantes as imagens que rodeiam o olhar semicerrado num sonho tremeluzente de pálpebra mal enchuta. Tirava-vos o sopro, se pudesse escutá-lo sem descaír, as nuvens de pensamento rolam pelo tecto até encontrar novo dissabor. São as janelas seu maior medo, são opostas as vontades de tomar auma direcção. quando uma ordem de massa seca separa duas vontades de se conhecer, o ouvido alcança aquilo que os pés, travados, não conseguem.

domingo, 28 de setembro de 2008

São saltos no escuro


Pulos de alegria, esses, pu-los de parte, porque nulos se tornaram sem que por isso me dessem melhor porte.

sábado, 27 de setembro de 2008

companhias... limitadas


A um toque, a uma conversa, a um salpicar de bajulância e incredulidade. São inúteis as previsões, destituídas de seu sentido as manigâncias de velhas de parapeito. Deixemo-las nos bancos de autocarro, que o dia faz-se tarde e a noite traz uma promessa entalada nos dentes...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Terrível e cruel...

... o pensamento deixado à deriva, solto entre os olhares de uma superfície lisa e uma vontade desmistificante de prescrutar os recantos de um caderno sem linha alguma.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Loucura pura e dura


Quando à frente do nariz vemos algo que não devia estar lá, será vontade de arrumo ou miragem? Quando sentimos nos pés passos que terão ainda de ser comprovados, mas que se assumem na sua colocação, será tremenda ansiedade ou reconhecimento de bailante deslocação? Quando se ouvem vozes que não foram sopradas, será vento de tempestade ou memórias que se ressentem em apagar? Quando adormecemos ao frio, será cansaço ou por ventura romantismo? Quando tememos aquilo que os sentidos nos podem obrigar a ver, será dor antecipada ou afecto retraído? Quando deixamos de querer ver aquilo que a janela nos traz, seremos então melhores candidatos à cegueira ou aprendizes de merceneiro...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Somos santos, todos nós


e todos nós iremos parar ao céu pelas coisas que, de tanto querer feitas, nunca no impedimos de largar. Beatamente inacabadas.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Tempos perdidos


-Não, não te enganaste. Não estou mesmo cá.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dúvidas assimétricas


Assassinas do sono. Não lhes basta toldar-me a vista e convencer-me o pensamento a discorrer numa distenção desenfreada, como ainda por cima me arrancam os cabelos um a um e tingem os olhos de um sangue que deixam então para o dia pisar?? São terríveis amigos, as colheres de chá de café e as palavras repartidas em couvettes delineadas a contonos de tinta da china, detentoras da chave de fusos horários e carpideiras votivas de um templo que há muito se devia ter esgotado. Noite terrível que me encantas, chama os teus lacaios para teu torno, faz subir esses bobos que me prendem o pensamento no som dos seus guizos e a atenção que deveria dar aos sonhos, essa, devoram-na sem tréguas nem sinais de refastelamento. Fa-los sumir-se, amiga de meu nome, fa-los ir-se nesse dossel prateado. Apela-lhes ao sentido que as retorne pelos uivos seus familiares desse vento com que ergues as saias arbóreas. Apela-te mais uma vez, este meu juízo que se demora em retornar.

domingo, 21 de setembro de 2008

Ocupas


Escondido, dentro de um armário escuro, perdido numa sala antiga onde as conversas são apanhadas nas teias e se colam ao pó enevoando as paredes. Algures, temendo cada gemido do soalho, cada estalar da madeira dos estrados dos louceiros. Sustendo a respiração para que as gavetas não traiam, marcando na memória a colocação precisa de cada peça de vasario precioso para que não quebre como roçar do medo. Sustido entredentes na vertigem de que a qualquer momento, a qualquer segundo, um par de brilhos o encontre ao fundo da prateleira. São temíveis os jogos de caça, quase tanto como os de cama que se esticam lá fora, escondendo parapeitos e semi-ocultando ombreiras perfuradas, rendidas ao calor. Elevando o corpo para que não pese no estrado, enrolando os punhos para que se não rasgue o papel de forro, fino que nem seda. Perdem-se as horas como as riscas do papel com o tempo.
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Mariana Perry