quinta-feira, 12 de junho de 2008

sermão aos peixes


Rios de gente inundam as ruas altas e baixas de Lisboa. Travam-se conversas de sangria na mão, atiça-se a brasa à sardinha alheia, mas que não nos pisem, canta-se alto e bom som, porque há muito que desistimos de chamar uns pelos outros. Perdidos finalmente na multidão, há caras conhecidas em cada esquina, amigos em cada nuca, sorrisos enegrecidos de muitas horas mantidas a mau vinho. Rimas desconexas atravessam o espaço que sobra sobre as cabeças, sob as bandeiras nas linhas de roupa, entre os panos que se tingem de peixe, as grades que oxidam mais um bocadinho para marcar finalmente a passagem de ano, a festa na rua, a música popular e os gritos de um ipiranga perdido algures... sem pena nenhuma.
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Mariana Perry