terça-feira, 29 de abril de 2008

Atlas


Abrimos um livro enorme, encontrado por uma das mãos num mercado perdido em Itália, que tratava do Mundo Che Connoschiamo, que redesenhava os mares como eram conhecidos há mais de 40 anos, que traçava fronteiras impossíveis na era digital. Descreve contornos que em breve deixarão de existir, perfis de uma Terra que nos promos cobrir de vagas de fumo de avião, riscado em traços de comboio e apagados com pneumáticos privados. O percurso m si escapou-nos mais uma vez, como um vilão de uma história de detective de cordel (preso à maçaneta porta, passando por cima da viga do escritório eternamente crepuscular, em torno do pescoço depido de gravata esquecida sobre o colarinho aberto e encarquilhado)... Só sabes que queremos ir. E voltar, mas ir. Seguir com um bocadinho dos sonhos que escaparam as paredes do convento, do segundo andar electrificado de exercícios entumescentes e escadarias entorpecedoras... nem o café nos salva a mente... não quando outros não o deixam funcionar. Não é psicológico, é ambiental. Porque até gostamos do que fazemos. Se no deixarem. Abrimos o livro descomunal entre as torres imperiais e os pequenos reservatórios de sede eminente e partilhamos momentos de clarividência, de racionalismo prático embrulhado em padrões de pequenos desejos, de pequenos imaginários. Voamos em conjunto para além do café. Já nem reconhecemos a esquina. Voamos com amigos que, não estando sentados connosco, vivem connosco um futuro próximo, traçamos um percurso comunitário que nos protege.
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Mariana Perry