terça-feira, 21 de outubro de 2008

bancos de cozinha e enfarinhados


- Ó avó, que é um Galhadrapo?
- ... vá, deixa-te disso e volta-te para a frente, não deixes essa massa assentar.
- Mas o que é? O que é um Galhadrapo avó?
- As coisas que tu inventas. Onde ouvistes isso?
- Foi o Manuel Faustino que disse! Estávamos a brincar e... e assim, olha avó... e ele disse que quando era pequenino que tinha, que tinha um, u-u- um Galhadrapo!
- Não faças isso à massa, filho! e esse menino Manuel tinha mais era que te enfiar uma dessas na cabeça
-Mas ele tinha, 'vó! Quando era bébé, ele tinha!
- E a mãe dele, deixa estar...
-Mas ele, ele tinha um. Ó 'vó, o que é um Galhadrapo?
- A mãe dele, no seu tempo, também inventava com cada coisa.
- O que é um Galhadrapo, 'vó?
- Viagem a França, foi... pois claro, não havia de ser!
- Ó 'vó? 'vó!
- Diz, filho.
- Quando é que a mãe chega?
- Deve estar aí a chegar.
- E... e quando a mãe chegar vamos lanchar, vamos 'vó? Vamos lanchar?
- Sim. Mas o que andas a fazer a essa massa, filho?
- É um Galhadrapo, 'vó.
- Ó filho, só cá me faltava mais esta... vai-se queimar nas pontas...
- Mas são os dedos.
- Vão-se queimar.
- Mas ele precisa de dedos...
- Precisa agora de dedos, esse teu bicho.
- Não é um bicho, é um Galhadrapo.
- Pois sim, filho... mas tira-lhe os dedos para o levarmos ao forno.
- Ó 'vó...
- Não se fala de boca cheia.
- Ó avó?
- Diz, filhote.
- O que é um Galhadrapo?
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Mariana Perry