domingo, 12 de outubro de 2008

Verdes olhos

Mãos azuis. Exangues de gestos que perderam pelo caminho. Contava-te a história do lenço de carpideira que levantou vôo na leveza de tanto uso. Contava-te a serenidade encontrada na testa de um infante que ainda não perdera a vontade de dormir. Contava-te as rugas que ganhaste nos cantos dos olhos de tanto esperares que chegasse. Contava-te tudo. As vezes que corro mais depressa por trazer cores nos pés. Os dias que engulo sapos, bestas e lagartos mesmo sabendo que lhes faço alergia. Os cafés de promessas de estudos que nunca conseguirão passar a primeira página sob a ponta destes dedos. O cabelo que vais perder nas mãos desse temido tempo. O terreno que se intrometerá na existência divina. Os botões do teu casaco de fecho. O colarinho das minhas perguntas.
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Mariana Perry