sábado, 4 de outubro de 2008

Devaneios comuns


- Soube trocá-las, desta vez.
- Mas umas novas pelas que tinha?
- Sim, trocou-as.
- Sem...
- Sem grandes complicações, não, correu tudo bem...
- ...relativamente...
- ...pois. Mas agora está bem, já nem olha tanto pela janela--
- Isso é bom
- Sim
- Bom sinal
- ... pois, mas fixou-se, não sei, não sei bem porquê...
- Fixarem-se é normal...
- Pois, mas este novo fascínio pelas mãos, não sei, é estranho..
- Fixarem-se é normal...
- Mas assim? Tanto?
- Sim, é normal. Podem por vezes ganhar alguma consciência, parecem olhar em volta e fixam os olhos nos que os rodeiam
- Ele fez isso hoje
- ... sim, mas não tire nada daí. Eles não vêem nada, realmente...
- Nada...
- Sim, não olham, de facto. Não nos vêem.
- Mas então...
- Somo sombras, para eles nada é na verdade real, não estamos mesmo cá para eles.
- ...
- Somo ainda menos reais que os fantasmas que lhes passam à frente dos olhos.
- Não estamos cá, então.
- Não.
- Nunca?
- Sim, nunca. E não vamos voltar a estar.
- Nunca?...
- Raramente voltam.
- ...
- É triste
- Realmente
-Realmente triste, sim.
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Mariana Perry